O próximo pensador cujas ideias vão ser debatidas no “Ciclo do Pensamento Libertário” em Évora, já esta quarta-feira, dia 12 de Abril, pelas 18 horas, na Livraria Ler Com Prazer, é um geógrafo de formação marxista – e que se reivindica dessa tradição – mas que nos últimos anos tem adoptado posicionamentos próximos da prática e da formulação libertária, chegando até a propor um diálogo profundo entre as duas correntes – a libertária e a autoritária. Para este teórico do movimento social, as ocupações de ruas e praças nos Estados Unidos, Brasil e Europa são determinantes para (re)pensar a cidade e o modelo económico vigente.
David Harvey (Gillingham, Kent, 7 de dezembro de 1935) é um geógrafo britânico, de formação marxista, licenciado pela Universidade de Cambridge. É professor da City University of New York e trabalha com diversas questões ligadas à geografia urbana.
O seu primeiro livro, Explanation in Geography, publicado em 1969, versa sobre a epistemologia da geografia, ainda no paradigma da chamada geografia quantitativa. Posteriormente, Harvey muda o foco da sua atenção para a problemática urbana, a partir de uma perspectiva materialista-dialética. Publica então Social Justice and the City no início da década de 1970, onde confronta o paradigma liberal e o paradigma marxista na análise dos problemas urbanos. O seu livro seguinte, The Limits to Capital, é um denso estudo do pensamento económico de Marx. Com algumas posições heterodoxas em relação a alguns aspectos da teoria marxista tradicional, como a teoria das crises, o livro não foi bem aceite pelo pensamento dominante.
Mais recentemente, Harvey tem defendido a tese do crescimento zero para a economia global. Durante o Fórum Social Mundial de 2010, afirmou: “Três por cento de crescimento composto (geralmente considerada a taxa de crescimento mínima satisfatória para uma economia capitalista saudável) está se tornando cada vez menos viável de se sustentar sem recorrer a toda sorte de ficções (como aquelas que têm caracterizado os mercados de activos financeiros e o mundo dos negócios ao longo das últimas duas décadas). Há boas razões para acreditar que não há alternativa senão uma nova ordem mundial de governança que afinal deverá gerir a transição para uma economia de crescimento zero.”
Em 2012 a Verso Books organizou uma coletânea de artigos de Harvey publicados em periódicos como New Left Review e Socialist Register apresentando exemplos que vão desde a Comuna de Paris até o Movimento Occupy Wall Street para refletir sobre como a vida nas cidades poderia ser socialmente mais justa e ecologicamente mais sã.
Ele afirma que a ocupação do espaço público nunca foi tão discutida como neste início do século XXI, e é nas cidades que vemos acontecer os mais importantes movimentos de resistência e as rebeliões que clamam por mudanças na ordem política e social. Nova York, São Paulo, Mumbai, Pequim, Bogotá e até Joanesburgo fazem parte da apurada análise do britânico David Harvey a respeito da cidade, provocando reflexões contundentes, a respeito de quem controla o acesso aos recursos urbanos, por exemplo, ou de quem determina a organização (e a qualidade) da vida quotidiana.
aqui (com alterações): https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Harvey
alguns artigos na net (inglês): http://davidharvey.org/category/articles/
Escuta, anarquista!, por David Harvey (em castelhano): https://abandazos.files.wordpress.com/2016/06/c2a1escucha-anarquista-david-harvey.pdf
Entrevista a David Harvey (português): https://www.cartacapital.com.br/internacional/201cnao-acredito-que-temer-tera-forca-politica-por-muito-tempo201d
Entrevista a David Harvey (português): http://outraspalavras.net/posts/as-cidades-rebeldes-de-david-harvey/